"O inferno dos vivos não é algo que será; se existe, é aquele que já está aqui, o inferno no qual vivemos todos os dias, que formamos estando juntos. Existem duas maneiras de não sofrer. A primeira é fácil para a maioria das pessoas: aceitar o inferno e tornar-se parte deste até o ponto de deixar de percebê-lo. A segunda é arriscada e exige atenção e aprendizagem contínuas: tentar saber reconhecer quem e o que do inferno não é inferno, e preservá-lo, e abrir espaço."
Ítalo Calvino
sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011
sábado, 12 de junho de 2010
A Real Estrada
Então,
bem diz Marshall Sahlins: "O desenvolvimento econômico é apropriadamente definido como o enriquecimento material do modo de vida do povo. A cultura desse povo é o objeto do desenvolvimento, não seu impedimento (SAHLINS, Esperando Foucault, ainda. p. 71)
Escrevo este post a pedidos. Talvez o tenha feito a quatro mãos. Fora aquelas que me compõem ou me acompanham.
Mais uma vez passo em São Gonçalo do Rio das Pedras o feriado de Corpus Christi.
Um ano depois as coisas já estão mudadas. Não o barulho das festas. Nem os carrapatos, heróis da resistência. Nem as condições de vida da população. Mas o asfalto está cada vez mais próximo. A população convocou uma reunião com os responsáveis pela estrada. Não serviu de quase nada, a não ser pela "alça" que "conquistaram".
Sempre disse que o projeto da Estrada Real era um projeto de asfaltamento. O resto era secundário. Quem não acreditou...
A estrada atravessa Três Barras, Milho Verde, São Gonçalo, Vau etc. Todas pequenas vilas, com casas históricas, ruas de terra ou calçadas de pedras grandes. Vivem do que plantam e a terra não é das melhores. Atraem turismo natureba e veranistas. Os que vão, procuram sossego. A população é pobre e acolhedora, mas despreparada para receber turistas que buscam um certo tipo de conforto e eficiência no atendimento. Turistas que virão com o asfalto e com a publicidade.
Dizem iludidos românticos que São Gonçalo é forte: a comunidade conseguiu uma alça da estrada, para não passar pelo centro. A alça passa - literalmente - no meio da pousada 5 amigos.
Que venham os caminhões!
Para os que argumentam em favor da estrada como acesso ao desenvolvimento (hospitais, escolas, escoamento de produção etc.) eu pergunto: porque não levar os hospitais, as escolas e a produção até as pessoas, na medida de seu desejo e suas necessidades? Por que, até hoje, não foi feita essa manutenção? Até hoje as pessoas não precisavam de hospitais e medicamentos? Por que até ontem o Estado só apareceu na forma de impostos e de proteção para os que exploram essa população? Por que uma alça que passe por fora da cidade e a manutenção das estradas de terra e pedra em boas condições de circulação não são viáveis? A quem incomodaria uma estrada assim? Por que o Estado pode destruir o centro de uma cidade e não pode passar no interior de fazendas?
Enfim, disse o Renato: "Com a estrada sim é que esse povo vai precisar de médico! Vai todo mundo enfartar!" Sem contar os atropelamentos e as meninas grávidas.
quinta-feira, 9 de julho de 2009
O segundo sexo está sexagenário
"Há um princípio bom que criou a ordem, a luz e o homem e um princípio mau que criou o caos, as trevas e a mulher."
Pitágoras (epígrafe de O Segundo Sexo)
"Eles bem o sabem, elas mal
duvidam. Recusar ser o Outro, recusar a cumplicidade com o
homem seria para elas renunciar a todas as vantagens que a
aliança com a casta superior pode conferir-lhes. O homem suserano
protegerá materialmente a mulher vassala e se encarregará
de lhe justificar a existência: com o risco econômico, ela esquiva
o risco metafísico de uma liberdade que deve inventar seus fins
sem auxílios. Efetivamente, ao lado da pretensão de todo indivíduo
de se afirmar como sujeito, que é uma pretensão ética,
há também a tentação de fugir de sua liberdade e de constituir-se
em coisa. É um caminho nefasto porque passivo, alienado, perdido,
e então esse indivíduo é presa de vontades estranhas, cortado
de sua transcendência, frustrado de todo valor. Mas é um
caminho fácil: evitam-se com ele a angústia e a tensão da existência
autenticamente assumida. O homem que constitui a mulher
como um Outro encontrará, nela, profundas cumplicidades. Assim,
a mulher não se reivindica como sujeito, porque não possui os
meios concretos para tanto, porque sente o laço necessário que
a prende ao homem sem reclamar a reciprocidade dele, e porque,
muitas vezes, se compraz no seu papel de Outro."
O Segundo Sexo vol.1 - Simone de Beauvoir
terça-feira, 30 de junho de 2009
Pina
"Não me interesso em como as pessoas se movem, mas no que faz elas se moverem"
Pina Bausch (27/07/1940 - 30/06/2009)
Pina Bausch (27/07/1940 - 30/06/2009)
sábado, 20 de junho de 2009
Festa Junina da Alves Martins
quinta-feira, 25 de dezembro de 2008
Reflexões natalinas para cristãos e não-cristãos
No outro dia, ao saírem de Betânia, Jesus teve fome. Avistou de longe uma figueira coberta de folhas, e foi ver se encontrava nela algum fruto. Aproximou-se da árvore, mas só encontrou folhas, pois não era tempo de figos. E disse à figueira: "Jamais alguém coma fruto de ti!" E os discípulos ouviram esta maldição. (Marcos 11)
Diante desse exemplo da tolerância de Cristo, acho que o papa pensou que a figueira era gay...
quinta-feira, 4 de dezembro de 2008
Esperemos
Há outros dias que não têm chegado ainda,
que estão fazendo-se
como o pão ou as cadeiras ou o produto
das farmácias ou oficinas
- há fábricas de dias que virão -
exitem artesãos da alma que levantam e pesam e preparam
certos dias amargos e preciosos
que de repente chegam à porta
para presentear-nos com uma laranja
ou de repente assassinar-nos de imediato.
(Pablo Neruda -Últimos Poemas)
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